sábado, 17 de setembro de 2011

- Uma borboleta entrou pela minha janela. Asas, reflexos, pensar. E eu pensei na  liberdade, me lembrei de sonhar. Agora eu posso sair por aí, sem rumo, sem pressa pra chegar. Olhar pra o céu de verão e ver a chuva fina o atravessar. Confundir as estações, perder as noções, sair das proporções. Pôr um jeans curto enquanto todo mundo ao meu redor está agasalhado, não ligar pra o que e as pessoas vão pensar do meu cabelo embaraçado. Olhar pra o tempo, Pôr um pé na inconciência, Virar o rosto pra a ampulheta do destino e deixar a areia correr por entre o dedos. E virar pó, Pó de areia, Pó de estrelas, Pó, pra misturar com cheiro da chuva que não tarda a desatar.

domingo, 7 de agosto de 2011

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Costumo pensar na vida como uma caixinha de músicas cujo toque varia de acordo com o som do coração pulsar. Mesmo se a antiga melodia agitada cessar e o som do coro fúnebre se instalar, uma hora ou outra a canção há de mudar. Tudo passa, as vozes mudam e o coral que se ouve ao fundo, na verdade, nunca tardou em cantar.

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domingo, 31 de julho de 2011

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No escuro do quarto e do todo dentro de mim. Eu poderia estar em qualquer lugar além daqui. Eu deveria estar em todo lugar, menos aqui. Mesmo me fazendo mal, eu prefiro assim. Tantas vezes me olharam e riram de mim. Mas riram das coisas erradas, riram do que aparentemente não é tão importante assim. Por isso é melhor se esconder, usar de covardia e tentar seguir, seguir o curso do vento que uma hora ou outra há de secar essa lágrima, que será derramada á custa do sorrizo que hoje brilha em ti.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

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 Os sapatos de falso cristal desempenham sua marcha sob o piso. O perfume adocicado espalha-se no ar. Puxa-se uma cadeira, o barulho desperta todo o lugar. As velas do candelabro na mesa, folgueiam e ameaçam apagar. "Por favor garçom: Traga o melhor vinho que o dinheiro puder pagar". Talvez um brinde a saúde siga-se de outro à mais bela moça do lugar. E bebe-se outro gole da porção da ilusão sem exitar.

 Nas mesas ao lado casais apaixonam-se à meia luz e as notas do piano dão à atmosfera uma sonoridade que seduz. Do lado de fora, apenas a noite enluarada que abriga protetora os pontos de luz de uma cidade que não pára.

 Vê-se o brilho da estrada, vê-se a vida agitada, vê-se a felicidade incrustrada, vê-se flores falsas jogadas na calçada. Tudo isso pelos olhos da moça que está acompanhada. Ela, cuja mente divaga entre a beleza da simplicidade e o artifício da vaidade, e que muito ocupada não se detém ao que fala o galante rapaz. Ele, que não enxerga nada, não quer tirar a gravata, não quer viver do que a verdade trás.

 Afasta-se uma cadeira, o barulho desperta todo o lugar. O perfume adocicado novamente espalha-se pelo ar. E a mais bela garota do lugar, tira os seus sapatos e põe-se a sair de lá. A marcha recomeça, dessa vez sem nada esperar, nada além do asfaltoe do que a escuridão trará. O vento sopra nos cabelos, o celular não pára de tocar, e a moça decidida, não se deixa levar, apenas anda sem direção, sorri para a imensidão e descobre que as estrelas valem mais que as rosas lançadas ao chão.
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  Calma, Criança Tola
Não tenha pressa pra crescer
Não se preocupe
As flores lá fora não tardam a aparecer
E a chuva,
A chuva, aos poucos vai enfraquecer.
E nada, nada mais vai te aborrecer.


Calma, Criança Tola
Não se perca em pensamentos vãos
Encare de frente a dor que inside na escuridão
Você pensa que o pesar cessou?
È engano, garota, são apenas agulhas.
Comprimidos. Uma porção de analgésicos.
E quando o topor passar e seus pés tocarem o chão
Há de vir tudo de novo.
Há de vir num turbilhão.


Calma, Criança Tola
Há mais para ver no mundo que o filme da tarde na televisão
Há mais para sentir na vida que o contato frio de uma tela
De uma página em construção


Calma, Criança Tola
Sua vida ainda não findou
Não é necessário tanto drama, tanto rancor
Há tanto ainda pra andar
Tão mais que este mero caminho que você andou!
O rumo é seguir em frente. Avante, adiante.
E essa realidade que hoje é para sempre
Seguirá seu curso e naturalmente fará parte da simples lembrança do que ficou.

                                                         

quinta-feira, 28 de julho de 2011


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Quando nos deparamos com situações complicadas de resolver no emaranhado dos nossos sentimentos é muito fácil tentar varrer a poeira pra debaixo do tapete, tapar os ouvidos e tentar não olhar pra trás. Às vezes resolve! Ás vezes... Mas o que a maioria das pessoas esquecem de nos dizer é o que fazer quando isso não funciona. Quando as portas trancadas não conseguem isolar, quando a distância não consegue apagar, quando não há nada que possa superar, quando nem um ponto final é capaz de findar. Geralmente somos tomados pelas dúvidas, medos e ressentimentos. Por quê você não me ligou no Natal ou quando eu passei no vestibular? Talvez por que eu tenha me afastado, talvez por que eu não tenha deixado. E a felicidade meus queridos, a felicidade, não arromba portas trancadas.
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Sabe? Quando era só uma garotinha, eu sonhava com um grande amor de filme americano á la Sessão da Tarde, do tipo, Um Príncipe em Minha Vida, O Melhor Amigo da Noiva, De Repente 30 e etecetera. Eu seria a mocinha batalhadora, corajosa, pé no chão e olhos nas núvens que no fim das contas viveria o seu "Felizes para sempre" ao lado do meu escolhido. O tempo passou, e eu acabei percebendo que até a chegada ao feliz final da maratona da protagonista sempre há o ápice do filme, onde tudo parece dar errado, ou tudo está errado. Chegam as tribulações, o sofrimento, os empecilhos, os períodos de marasmo e de indecisão, e na vida real, sabe-se lá quanto dura isso. Mas, após esta parte a mocinha descobre que as coisas podem enfim melhorar e que ela não precisa viver assim eternamente, ela percebe que pelo menos uma tentativa  já será um grande passo á frente. Geralmente, depois disso, ela luta por sua felicidade e a conquista. Hoje em dia tenho medo de não encontrar o mesmo destino que ela. O caminho até a compreensão de que as histórias de amor são dolorosas é muito longo e desgastante, e as personagens reais ás vezes ficam sem forças pra lutar. É o medo batendo na porta, o medo de não conseguir, de ser incapaz, de não ser uma mocinha dos filmes de dez anos atrás.