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Os sapatos de falso cristal desempenham sua marcha sob o piso. O perfume adocicado espalha-se no ar. Puxa-se uma cadeira, o barulho desperta todo o lugar. As velas do candelabro na mesa, folgueiam e ameaçam apagar. "Por favor garçom: Traga o melhor vinho que o dinheiro puder pagar". Talvez um brinde a saúde siga-se de outro à mais bela moça do lugar. E bebe-se outro gole da porção da ilusão sem exitar.
Nas mesas ao lado casais apaixonam-se à meia luz e as notas do piano dão à atmosfera uma sonoridade que seduz. Do lado de fora, apenas a noite enluarada que abriga protetora os pontos de luz de uma cidade que não pára.
Vê-se o brilho da estrada, vê-se a vida agitada, vê-se a felicidade incrustrada, vê-se flores falsas jogadas na calçada. Tudo isso pelos olhos da moça que está acompanhada. Ela, cuja mente divaga entre a beleza da simplicidade e o artifício da vaidade, e que muito ocupada não se detém ao que fala o galante rapaz. Ele, que não enxerga nada, não quer tirar a gravata, não quer viver do que a verdade trás.
Afasta-se uma cadeira, o barulho desperta todo o lugar. O perfume adocicado novamente espalha-se pelo ar. E a mais bela garota do lugar, tira os seus sapatos e põe-se a sair de lá. A marcha recomeça, dessa vez sem nada esperar, nada além do asfaltoe do que a escuridão trará. O vento sopra nos cabelos, o celular não pára de tocar, e a moça decidida, não se deixa levar, apenas anda sem direção, sorri para a imensidão e descobre que as estrelas valem mais que as rosas lançadas ao chão.
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